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sexta-feira, 31 de julho de 2020

A Geometria do Amor

Imagem: Internet


Poderíamos pensar que o amor é facilmente decifrável, exato e geométrico. Poderia ser feito de espelhos, linhas curvas e sinuosas dobras dos joelhos; uma sucessão de pontos enigmáticos a se perseguirem nos enlevados toques de ventos no corpo. Poderia ser problemático, matemático, calculável, resolvível, como uma equação de segundo grau. Poderia ser removível como uma nódoa de vinho, decifrável como um mistério, reciclável como papel. Ah! O amor tem muito mais do que os traços e embaraços de muitos fios elétricos enredados pela cidade eletrocutando corações. O amor é pane! Sim, é pânico; “é fogo que arde” ... Lava incandescente descendo morro. O amor pede socorro!
O amor começa com um ponto, dois, três, reticentes e, ao se darem conta, duas almas embriagadas correm tangenciando o infinito. Dois pontos extremos extrapolam o desenho só para se encontrarem e, ao se verem, um grito! Ah! Afinal! Um beijo. Fugaz abandono do plano exato, do fino traço arquitetônico e, então enamorados, dois rabiscos assumem forma, volume e se compõem no sólido e no insólito. Ocupam finalmente o espaço. Dúvidas e, também desastres; outros pontos desconectados perseguem os dois pontos amantes e afins, outrora felizes, ora ameaçados por mais um ponto fraco e invejoso, que interfere nessa dualidade monolítica e consagrada. O que era para ser um projeto (de vida) de duas forças iguais, em um esboço equilátero, equidistante, equivalente, na perspectiva de um afetuoso milênio, passa a ser, miseravelmente, para os dois, um triângulo desengonçado, esquizoide e neurastênico. Ah! A geometria do amor...

Autora: Valéria Áureo
In: Entre Mentes e Corações
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