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terça-feira, 10 de julho de 2018

Segunda Pele


                                                               Ilustração: Internet


          Eu usava jeans lavado, rasgado; um adereço para se ajustar ao coração desbotado de juventude sem paradeiro. Havia tempos que eu vivia nesse desleixo, quase despido de energia e voz, sem saber sequer sonhar. Um ser adoecido, rebelde, cinza, apagado, produto da moral do país. Mais um ser aniquilado pela decepção; constatação da destruição e caos. Sabia que meu coração estava sintonizado in blue, apesar de sons irreconhecíveis entrando pelas janelas. Todo dia uma melodia de escárnio rasgava a minha pátria. Ó Pátria desvalida! Ó Pátria desditosa! Ó Pátria que desconheço! Pensamentos arrancados de um novelo embaraçado de ideias me enforcavam.
Vesti amarelo. Tênis azuis com faixas verdes e o hino reverberando no crânio.  E, a partir disso, minha identidade aflorou, irrigando os meus poros em uma explosão. Saí e gritei em defesa da pátria aviltada. E não tirarei a camisa da Pátria, até o fim das eleições ( e dos meus dias). Vesti a Bandeira do Brasil, agora morando em mim, se tornando a minha segunda pele.

Autora: Valéria Áureo