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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Instantes Poéticos



                                         
                                                         Fonte: Internet


           Tudo iluminado. Encontram-se no firmamento a esperança e o tempo de luzes. E, no exato instante de pés e areia se tocarem, já não mais há movimentos... Champagne, abraços, ondas, beijos, promessas e juras eternas. O ano e o instante em que acaba a contagem de 2014 acontecem juntos e se misturam. Impossível, nada para, porque já se deu o ano 2015 no imediato segundo da súbita revelação. Foi-se o passo, o instante, o fôlego, o sopro de um e já o começo do outro. É hora em que habito o presente e ele se desfaz passado, como o líquido sorvido com sofreguidão da mágica anunciação. Réveillon! Fogos!... Descalça no chão úmido e prateado em que o caminho se abeira comigo, vem a menina que me habita e está sempre absorvida com o tempo. Imponderável tempo. Esta incógnita e esta imensurável transitoriedade.  
Não me canso de olhar as possibilidades que o campo verde tem; ou mesmo o céu, o mar, a estrada, o rio e o deserto. Inventor de flores, eu escolho as cores que devem estar amanhã na paisagem; seja daqui, seja de onde você possa estar. Por ora devo preferir tons azuis... Ou não! Eles me falam de dores e saudades e o tempo é de festa... Você pode escolher a que preferir, enquanto eu não me decido. Quero que faça sol e é por isso que habito com calor os arrebóis que me projetam para alcançar aquela estrada que, por si só, me diz que não sei pra onde vou. Você sabe aonde vai? Com certeza também não. Coisas do futuro – mantenedor de segredos... Melhor esperar que o tempo me alcance na hora exata em que os pássaros deverão cantar. Se não sei aonde vou, seja lá o que for, há que caminhar para qualquer direção. Parar, nunca. E que você também não pare de seguir o seu caminho e prospere. A vida está lá, adiante, esperando que cada um se atreva e viva com energia. O rumo em que persigo a mim mesma está à frente. Você também se busca, não é? Devo alcançar-me em algum ponto. Você também. O ponto em que o homem, coitado, só tem a si mesmo. Tem a si e a fé em Deus.
         O que a noite escura esconde? O ano novo e suas possibilidades - todas- boas e não tão boas. Todas, sob chaves secretas, a serem vividas e vencidas. O que importa é que haverá amanhecer na sua e na minha vida; pássaros e relógio marcando os segundos imponderáveis. Dia novo, como é todo dia; ano novo a cada calendário que se fecha, ou a cada calendário que se abre. Caminhei sob as estrelas do Réveillon pedindo que se minimizassem as dores das guerras, porque nada temos de gladiadores. Ao menos não deveríamos ter. Caminhei proclamando as virtudes e as bondades que nos tornariam bem mais felizes...
       Andei procurando poesias para o final e para o começo de ano. Encontrei a suavidade das palavras ditas aqui e ali, na imaterialidade das mensagens virtuais, cuja beleza perdura nos lábios por discretos segundos e logo se dispersam na brevidade dos instantes. Busquei neste alvorecer de ano a declaração permanente da paz, interrompendo a violência, a morte, o desamor, o desânimo, a desesperança, a guerra... Persegui a beleza real, a generosidade possível, a consistência de palavras pacificadoras que aplacam a angústia do coração e o grande temor do futuro. Recebi algumas ternuras dos versos mais tímidos e sinceros, que eu mesma procuro distribuir a quem me lê; aquela ternura que temos conosco, que se propaga mansamente com um simples sorriso, uma discreta saudação, um elogio, um aceno de mão, um incentivo e um olhar de esperança. Bem-vindo futuro!
Numa viagem no tempo presente e passado que se misturaram por breves segundos nos céus de estrelas do Réveillon, encontrei um caminho para aguardar o tempo com sabedoria, entregando flores.
Que venham os homens dispostos à Paz e que distribuam flores.
Bem- aventurados os pacificadores... 
                                                          

Valéria Áureo    
02/01/2015