Poderíamos
pensar que o amor é facilmente decifrável, exato e geométrico. Poderia ser
feito de espelhos, linhas, curvas e sinuosas; uma sucessão de pontos a se
perseguirem nos enlevados toques e carícias de montanhas e ventos. Poderia ser
problemático, matemático, calculável, resolvível, como uma equação de segundo
grau. Poderia ser removível, decifrável? Impossível?
Ah! O amor tem muito mais do que os traços e embaraços de muitos fios elétricos enredados pela cidade eletrocutando corações. O amor é pane! Sim, “é fogo que arde” ... Lava incandescente descendo o morro. O amor pede socorro!O amor é aflito!
Ah! O amor tem muito mais do que os traços e embaraços de muitos fios elétricos enredados pela cidade eletrocutando corações. O amor é pane! Sim, “é fogo que arde” ... Lava incandescente descendo o morro. O amor pede socorro!O amor é aflito!
O amor começa com um ponto, dois, três, reticentes e, ao se
darem conta, duas almas embriagadas correm tangenciando o infinito. Dois pontos
extremos extrapolam o desenho só para se encontrarem e, ao se verem, um grito!
Ah! Afinal! Um beijo. Fugaz abandono do plano exato, do fino traço
arquitetônico e, então enamorados, dois rabiscos assumem forma, volume e se
compõem no sólido e no insólito. Ocupam finalmente o espaço e vão da linha reta às mandalas no Egito..
Dúvidas, dúvidas, dúvidas e, desastradamente, outros pontos
desconectados perseguem os dois pontos originais, amantes e afins, outrora felizes, ora
ameaçados por mais um ponto fraco, que interfere nessa dualidade monolítica
e sacramentada. O que era para ser um projeto (de vida) de duas forças iguais, em
um esboço equilátero, equidistante, equivalente, na perspectiva de um afetuoso
milênio, passa a ser, miseravelmente, para os dois, um triângulo desengonçado, esquizoide
e neurastênico. Ah! A geometria do amor...
Autora: Valéria Áureo
In: Entrementes Corações