... Ela poderá saber desenhar no futuro, tão bem
como o bisavô Zoberto. Quem saberá dizer
dos dons que traz em sua bagagem? Talvez ela possa ser uma brilhante
desenhista, que possua em sua tinta o poder da síntese, a discreta autoridade
da crítica e a arte do encantamento. Talvez ela possa desenhar assim, como tem
feito em seus primeiros traços, riscos e rabiscos, com o seu olhar de criança
recém-chegada no mundo, onde tudo é novidade. Ela, que parece conseguir ver
além das primeiras formas e cores, insiste dizer que a cor é lilás, o céu é
rosa, a baleia é verde e a tartaruga é roxa. Ela, sempre atenta, intervém no
papel, concebendo muito além dos tons e nomes que criamos para as coisas, e das
aparências indecifráveis que criamos para as pessoas. Ela intervém peremptória
com suas mãos céleres e cobre em rabiscos todo o papel com a tinta azul.
Ela poderá fazer tudo isso e muito mais que
concebemos em nosso mundo de razões, porém, se não tivesse em quantidade
transbordante o amor, o desenho seria tão relevante como uma mancha de nanquim
entornado em uma toalha branca. Ao contrário, ela é uma graciosa arte.
Tudo bem não saber desenhar, por
enquanto... Ou saber muito além de minhas limitadas percepções... Quem poderá
dizer que quando rabisca o papel, já não sabe desenhar misteriosa e
precocemente os fractais resplandecentes, que recolheu no caminho de sua viagem
espiritual para a Terra, porque, como anjo atento, veio memorizando o caminho
de luz, até a barriga de sua mãe.
Eu conheço você e o seu amor, quando está ao meu
lado. E, pelo tamanho dele, esse amor imenso, dentro do coração vermelho
(zemelho/memelho), tenho certeza que a fé e a esperança estarão sempre juntas
de nós. Seu coração será permanentemente a ponte mais firme, segura e
resistente para a nossa alma, que nos levará para todos os lugares do universo.
Autora: Valéria Áureo
In: Entre Mente e
Corações
22/09/2019