Quando
eu era menina pequena lá em Rio Pomba, parodiando Joselino Barbacena,* eu
sempre prestava muita atenção nos provérbios e ditos populares que sintetizavam
uma sabedoria natural e deliciosa. Entre
eles, eu me recordo bem de: "foi tudo para o vinagre ", a
vaca foi para o brejo", " danou-se a nega do doce" ou
" levou o aio"... Nesses casos, expressões que queriam refletir
o fracasso de alguma empreitada a qual se dedicou tempo e trabalho. No caso de
"levou o aio..." a chuva caía desafortunadamente na
sexta-feira da paixão, dia do plantio do alho. Choveu, levou o aio!... E o alho
ia enxurrada abaixo.
Temos
expressões divertidas, que nascem da inspiração do povo, para definir muitos sentimentos e situações, onde a
espontaneidade é mais eloquente que muitas palavras. A coisa
vai, vai, vai até que " a porteira que deixa passar um boi,
deixa passar uma boiada" e, "depois da porta arrombada, coloca-se a tranca"... Se
o sujeito se esquece que "antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça",
aí não tem jeito e chega a hora de
"a onça beber água". Bons conselhos, boa inspiração e luz
acesa antes que o mal aconteça. É como o candeeiro bem colocado, porque "
candeia que vai à frente alumia duas vezes."
O
vinagre nunca esteve tão em alta. Nas guerras, o vinagre era recomendado aos
soldados, principalmente quando atuavam em ambientes úmidos, para prevenção de
possíveis contaminações microbiológicas, bem como para desinfetar e temperar os
alimentos. Pois vinagre está na moda, mais do que nunca, debutando nas
passeatas. Alta de preços - coisas de mercado, questão entre a demanda e a
oferta. Alta na busca do produto para a limpeza
e para as saladas: vinagre de uva, de maçã, de cereais, de álcool, a
escolher. Vinagre nas saladas de verduras, saladas do vilão da era tomate e
alface. Aliás, alface é remédio natural que cura a insônia e noites mal
dormidas e deixa o cidadão mais calmo, no meio das saladas urbanas de gás
lacrimogêneo, de bombas de efeito moral, balas de borracha e convocações virtuais
para os protestos nas recentes reivindicações, já que " a fome faz sair
o lobo do mato." E, se a
questão é fome " em casa onde não há pão, todos gritam e ninguém tem
razão". A Cristo deram fel e vinagre na sua fome e sede... Sim, ao
mais pacífico dos homens.
Vinagre está em alta, usado para emagrecer, inclusive.
Isto serve para a dieta de quem come muito doce e engorda sem querer...
Ora, "com vinagre não se apanham moscas." Agora o vinagre foi
às ruas, como já esteve nos fronts, deixando os restaurantes e as salas de
jantar.
Povo, tal qual o vinagre, está em alta e
reconhece a sua força. Torço para que "Povo", entidade organizada
pelo espírito de luta e nacionalismo, não se transforme em massa de manobra. Torço
para que "Povo" preserve os anseios dos jovens da classe média que se reuniram e foram às ruas em passeatas
pacíficas, para reivindicar direitos. Desejo que "Povo" não se deixe
manipular pelos argutos abutres de plantão. Que "Povo" erga somente a
bandeira da paz. Pois é... A coisa começa de um jeito e depois fica incontrolável, confusa... E os
oportunistas assumem a paternidade,
quando o filho "parece" bonito, porque ninguém é pai de filho feio.
Tem mais; “quem ama o feio, bonito lhe
parece.” Se "quem conversa muito dá bom dia a cavalo",
"falar é prata e calar é ouro". Se, "em boca calada
não entra mosca, " "cala-te boca!"
"Ainda que sejas prudente e velho, não desprezes o conselho". Os problemas aparecem quando se desfazem as
alianças e juras políticas, ou juras de
amor." É quando se separa que se conhece o cônjuge". Em
síntese: - "zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. "
O
momento é propício para se entender que: "Com direito do teu lado nunca
receies dar brado" Para isto, meus amigos, há os meios legais. Sou
pela Ordem e Progresso. Não há lugar para distúrbios sociais e guerrilhas
urbanas, porque todos pagaremos o preço do caos. O mundo não absorve mais a
violência. Evoluímos e o caminho a
perseguir é o da Paz pela Lei.
Valéria
Áureo - 17/06/2013
* Personagem de Antonio Carlos Pires e seus divertidos
bordões, na Escolinha do Professor Raimundo, de Chico Anísio.
Publicada em O Imparcial 30/06/2013
Publicada em O Imparcial 30/06/2013