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sábado, 29 de junho de 2013

Foi tudo para o vinagre - Povo e ditos populares

                                                                    Ilustração: Internet




          Quando eu era menina pequena lá em Rio Pomba, parodiando Joselino Barbacena,* eu sempre prestava muita atenção nos provérbios e ditos populares que sintetizavam uma sabedoria natural e deliciosa.  Entre eles, eu me recordo bem de: "foi tudo para o vinagre ", a vaca foi para o brejo", " danou-se a nega do doce" ou " levou o aio"... Nesses casos, expressões que queriam refletir o fracasso de alguma empreitada a qual se dedicou tempo e trabalho. No caso de "levou o aio..." a chuva caía desafortunadamente na sexta-feira da paixão, dia do plantio do alho. Choveu, levou o aio!... E o alho ia enxurrada abaixo.
          Temos expressões divertidas, que nascem da inspiração do povo, para definir  muitos sentimentos e situações, onde a espontaneidade é mais eloquente que muitas palavras.  A coisa  vai, vai, vai até que " a porteira que deixa passar um boi, deixa passar uma boiada" e, "depois da porta  arrombada, coloca-se a tranca"... Se o sujeito se esquece que "antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça", aí não tem jeito e chega a hora  de "a onça beber água". Bons conselhos, boa inspiração e luz acesa antes que o mal aconteça. É como o candeeiro bem colocado, porque " candeia que vai à frente alumia duas vezes."
          O vinagre nunca esteve tão em alta. Nas guerras, o vinagre era recomendado aos soldados, principalmente quando atuavam em ambientes úmidos, para prevenção de possíveis contaminações microbiológicas, bem como para desinfetar e temperar os alimentos. Pois vinagre está na moda, mais do que nunca, debutando nas passeatas. Alta de preços - coisas de mercado, questão entre a demanda e a oferta. Alta na busca do produto para a limpeza  e para as saladas: vinagre de uva, de maçã, de cereais, de álcool, a escolher. Vinagre nas saladas de verduras, saladas do vilão da era tomate e alface. Aliás, alface é remédio natural que cura a insônia e noites mal dormidas e deixa o cidadão mais calmo, no meio das saladas urbanas de gás lacrimogêneo, de bombas de efeito moral, balas de borracha e convocações virtuais para os protestos nas recentes reivindicações, já que " a fome faz sair o lobo do mato." E,  se a questão é fome " em casa onde não há pão, todos gritam e ninguém tem razão". A Cristo deram fel e vinagre na sua fome e sede... Sim, ao mais pacífico dos homens.
          Vinagre está em alta, usado para emagrecer, inclusive. Isto serve para a dieta  de  quem come muito doce e engorda sem querer... Ora, "com vinagre não se apanham moscas." Agora o vinagre foi às ruas, como já esteve nos fronts, deixando os restaurantes e as salas de jantar.
         Povo, tal qual o vinagre, está em alta e reconhece a sua força. Torço para que "Povo", entidade organizada pelo espírito de luta e nacionalismo, não se transforme em massa de manobra. Torço para que "Povo" preserve os anseios dos jovens da classe média  que se reuniram e foram às ruas em passeatas pacíficas, para reivindicar direitos. Desejo que "Povo" não se deixe manipular pelos argutos abutres de plantão. Que "Povo" erga somente a bandeira da paz. Pois é... A coisa começa de um jeito e depois  fica incontrolável, confusa... E os oportunistas  assumem a paternidade, quando o filho "parece" bonito, porque ninguém é pai de filho feio. Tem mais; “quem ama o feio, bonito lhe parece.” Se "quem conversa muito dá bom dia a cavalo", "falar é prata e calar é ouro". Se, "em boca calada não entra mosca, " "cala-te boca!"
          "Ainda que sejas prudente e velho, não desprezes o conselho". Os problemas aparecem quando se desfazem as alianças  e juras políticas, ou juras de amor." É quando se separa que se conhece o cônjuge". Em síntese: - "zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. "
          O momento é propício para se entender que: "Com direito do teu lado nunca receies dar brado" Para isto, meus amigos, há os meios legais. Sou pela Ordem e Progresso. Não há lugar para distúrbios sociais e guerrilhas urbanas, porque todos pagaremos o preço do caos. O mundo não absorve mais a violência. Evoluímos e o caminho a  perseguir é o da Paz  pela Lei.
Valéria Áureo    - 17/06/2013
* Personagem de Antonio Carlos Pires e seus divertidos bordões, na Escolinha do Professor Raimundo, de Chico Anísio

Publicada em O Imparcial 30/06/2013