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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Caso de Natal


- Posso me sentar?
- Desculpe-me, mas esse lugar está reservado para ele há anos, posso até dizer, a vida toda. Temos um encontro! A beleza de nosso encontro é a espera, a longa espera... A beleza da espera é um conceito estranho que se encrava no peito, não acha? Apraz a uns e a outros fere de maneira atroz.
A beleza da espera por ele, pode até ser triste, para alguns, disfarçada naquela árvore de natal da infância em que os sonhos eram os maiores e quase não se podia contê-los. A beleza é triste, ela diria! Não triste em si mesma, como as paredes cor de rosa dos corredores frios por onde circula a brisa, mas triste sim, do que há nela de fragilidade e incerteza.

O erro foi marcarem um encontro no Hawa Mahal, em Jalipur, na Índia. No Palácio dos Ventos desencontraram-se, como se ela fosse a estrela fugidia, arrancada à força do harém do marajá. Em um das janelas do palácio, entroncadas nos finos corredores, onde dançava o vento, ela ainda poderia avistá-lo bem distante, esmaecido nas poeiras cor- de- rosa, em seu trenó.
O erro foi marcarem um encontro tão longe de casa, se era ali, bem ali, na casa dela, que Papai Noel vivia.

Autora: Valéria Áureo
Natal de 2019