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domingo, 16 de junho de 2019

O silêncio em casa


                                                    Ilustração Fonte: Internet

                 Ah! Alguém para dizer: que bom que você chegou! ... Mas a casa é vazia. As palavras já não mais bastariam e era preferível mesmo a fidelidade do silêncio (e havia um lugar reservado para ele, onde o tempo não conta mais). Havia um paraíso extraordinário que eu não queria perder, onde o tempo, esse ditador, não conta, e os sonhos não respeitam o momento. Ah! Esse algoz implacável.

               Trinta anos passados, (o meu nome e o nome dele escritos a canivete no tronco da árvore) e o tempo permitia o caleidoscópio dos nossos sonhos. Dois nomes talhados e a valentia de dois jovens impetuosos, que não temiam nem mesmo a morte (essa vilã que nos deixa tão zangados). Mas éramos tão diferentes, para ficarmos juntos por toda a vida. E a morte nos deixa tão zangados, porque somos levados misteriosamente, para lugares tão desconhecidos, e sozinhos. (Eu achei que deveria ser forte). E eu acendia o cigarro para afirmar a minha vida, mostrando-me uma pessoa incrível, segura e independente. E as minhas tolas convicções se dispersavam na fumaça da primeira tragada.

                 O silêncio em casa (achei que devia ser forte) era apropriado para comer jujubas azuis e descartar todas as outras cores. Era assim que fazíamos aos treze anos. Éramos tão diferentes para ficarmos juntos! O silêncio em casa me faz companhia (quando é mórbido pensar que não mais terei tempo para escrever todas as histórias que eu queria). Há alguns anos, reservei um lugar para os sonhos, mas eles não respeitam o tempo, nem os acontecimentos.

                O meu papel nesse drama? Trazer aventuras e histórias para sua vida.


Autora: valéria Áureo
In: Entre mentes e Corações