Apresentação

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Equilibrista



O s        
Fonte: Internet
       





        Inspira-te! Encontra o lado bom da dúvida, porque ninguém tem certeza de nada. Ou melhor: a única certeza da vida é a morte. A dúvida do que nos resta é companheira constante... Quem saberá do futuro, por exemplo? "A incerteza do termo da vida confere-lhe uma perpetuidade ilusória, mas aprazível." Cabe-nos viver... Enquanto se vive, façamos o melhor possível. E, se tu não sabes o que é bom para ti, o melhor para tua vida, posso te dar um conselho: “na dúvida, abstém-te”. Se não sabemos de nada "a dúvida é a sala de espera do conhecimento." Sabemos que estamos aqui para aprender, para tentar saber um pouco e "quem de nada duvida, nada sabe”. O melhor ainda é, sem dúvida nenhuma, o caminho do meio.



        Da dívida trata de te livrar, bem como do fardo, mas fica com a dádiva entre poder sair para passear, ficar para dormir, continuar no ócio criativo ou exercitar-te, mesmo que seja em corda bamba. Aspira sempre e cada vez mais aviva os teus propósitos... Continua a tua caminhada sobre o fio de aço. Não perca a esperança, não perca tempo, apesar de... Apesar de tudo. E, se chove, deixa um guarda-chuva à mão. Previna-te, prepara-te, pois "as dúvidas aumentam com a idade, não as certezas." Se tu te preparas, não temerás o futuro.
                                                Fonte:Internet



        Inspira-te para recomeçar, ou para continuar o que foi começado e interrompido. Interrompe-se quando se rompem os projetos e quando os planos de uma vida inteira vão por água baixo. Inspira-te para resgatar na lama o que a chuva espalhou no meio da enxurrada, onde a água inundou e destruiu tudo. Vê ao redor... Tristeza nas serras, nas baixadas, antes da chegada dos festejos natalinos. É sempre assim. Tristezas do quotidiano, dos janeiros e setembros que se foram. Todo mês pode trazer surpresas... E dezembro chega. Porque tudo se repete a todo ano e nas temporadas de temporais a vida continua assim: mudando, mudando, mudando constantemente... Um carro arrastado para dentro de um rio... Uma flor cortada. Uma pedra que rola na encosta; um veículo boiando, o asfalto cedendo, o lamaçal na estrada e bois aprisionados nos currais. Cidade, campo, não importa... Nuvens carregadas se deslocando, desviando os planos de um dia de sol. E tu pensas que já viveste todas as emoções do Vídeo Show? Pois não, porque a luta se repete e continua e reprisa, mas "a certeza do ganho diminui a canseira." Melhor pensar no dia seguinte.



                                                                   Fonte: Internet


        Viver é correr... Correr o risco... Correr sobre o risco, o risco de giz, o fio de alta tensão, apesar de ser escuridão... A partir de qualquer história, de toda história, de minha história e da tua, convenhamos, todos somos iguais na dor. Mas vamos lá, todos somos equilibristas na corda bamba... É assim com todo mundo. A vida não é para quem é fraco... E viver é preciso.



        É preciso apegar-te ao tempo como o último recurso para devolver afetos, estranhezas do que provoca aquele menino que passa soltando pipa, lá longe, distante cinquenta anos de minha infância. Ver janelas abrindo e fechando, de manhã e à noite. À noite as pipas já são outras... São estrelas empinadas no fio do luar. Eu seria o espectador de mim mesmo, personagem de uma jornada parecida com a dos outros meninos, que são os novos velhos que eu agora conheço. Um velho residia em mim, desde que nasci e só veio aflorar agora nos meus cinquenta anos. Enquanto a criança desmorona, o outro, mais jovem vai entrando em cena; está ali, na ribalta, para lembrar que todos vamos envelhecer. Mas, enquanto não, há tantas coisas por fazer na juventude... Como viver sem sentido nesta vida? Não é tão importante o lugar, mas as pessoas e o impacto que elas provocam. Provocam ecos, silêncios e angústias. Se as perdemos, ao final, serão incontáveis e doces lembranças. Uma aprendizagem de alegria, de crescer, de saber viver, apesar da inquietação dos dias. Profundo e arriscado, no fim de cada ano, temos a sensação de que tocamos o que tanto tememos que é o tempo se dissipando.

        O tempo, a perdição do tempo, a procura do tempo, o medo do tempo... Um conselho não poderia dar! O que dizer? Provavelmente caberia: “Equilibra-te e vive!”.





Valéria Áureo



13/12/2013