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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Quem é ela?


Estamos nos conhecendo. Amorosamente, nos conhecendo nas primeiras carícias na pele. Tudo em torno é suavidade e primeiro olfato. Ela ocupa um espaço pequenino, mas o mundo é ainda menor para tanto. Ela ocupa tudo. Não é mais a ideia de sua vinda do universo da concepção, mas a concretude de sua existência física, palpável, nas delícias do tato.
Ela é! Respira, tem hálito e alma, desde o momento em que se instalou no pequeno berço do corpo materno, onde fez ninho... Ah! O amor que se vai construindo a cada expectativa do que virá a ser, a cada toque, a cada sorriso, ou inquietação... Por que chora? Por que as lágrimas são tão grandes no rosto tão pequeno? São os primeiros rios de água doce a ocupar o sal de minha alma.
Ah! Ela chora porque ainda não me conhece na minha amplitude serena da idade, no outro extremo de sua chegada, na alma plenitude conseguida com tempo e adequação. E nem eu mesma sou aquela que acreditava ser ainda ontem, e que ainda me descubro refletida nos olhos dela, onde me procuro nadando, nadando, nadando...
A pequena que se faz na urdidura dos afagos, do leite, do amor, ocupa o universo já na sua tíbia percepção e me olha profundamente e ri. Ela investiga o meu rosto, eu investigo o rosto dela e assim nos reconhecemos: eu, a mãe do pai, no outro lado da linha, sou ponto de uma tapeçaria. Reflito sobre a calmaria dos anjos enquanto ela dorme. Sou ponte e sou porto. E nessa costura de ternuras, ela me mostrará a cada dia quem eu sou - pois me faço diferente todos os dias. Hoje eu sei que sou avó! Avó da Maitê!


Autora: Valéria Áureo
To: Hubert, Carol, Maitê, Candice e Luiz Fernando