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quarta-feira, 10 de abril de 2019

O Perfume da Rosa - Dia da Lola


Enfim posso ler calmamente O Sagrado Coração de Lola, a Santa de Rio Pomba. A obra demanda tranqüilidade e um confortável isolamento, para ser apreciada como deve. Ao final posso concluir: é um livro notável, muito comovente, que nos toca fundo a alma. É Rio Pomba na dimensão exata de cidades como Póvoa de Varzim, Siena ou outro rincão qualquer, em que a graça de Deus tenha caído em profusão. É a nossa história se misturando ao sublime, ao misterioso desígnio divino de se ter a personificação da fé e do sacrifício no mais comum e humilde. O Sagrado Coração de Lola, a Santa de Rio Pomba é um livro extraordinário que servirá de documento para o longo esforço em prol de sua beatificação e santificação, tal a seriedade, dedicação e competência de seu autor. Nele foram compilados inúmeros depoimentos, relatos singelos de pessoas que compartilharam da bênção de conhecê-la; foram recolhidos, organizados e comparados vários documentos dos fatos históricos, de origens diversas, dando à pesquisa o cunho científico que ela merece.
Graças aos inesgotáveis empenhos dos militantes (apóstolos) da causa de Lola a demanda prossegue. E, pelo que pude depreender, deverá ser longa e trabalhosa. Melhor que todos os rio-pombenses se mobilizem para reforçar o trabalho do abnegado grupo e reconhecer a importância do prodígio. A importância que não podemos dimensionar como homens comuns que somos. Ressalto minha admiração por Giselle Neves Moreira de Aguiar, colega de infância, entregue a tão nobre ministério. Quantos não alcançamos ou reconhecemos a grandeza do sublime tão próximo de nós...
Mais proximamente de mim, no plano mais imediato de minha vida longe da terra natal o livro que está à minha cabeceira me faz lembrar de onde eu vim e a quem eu poderei recorrer quando precisar de intercessão divina e consolo para as minhas dores...
O maravilhoso livro de Roberto Nogueira (formidável, como prefere dizer minha mãe, quando aprecia muito alguma coisa) traz a questão da santidade de Lola para a profundidade de si mesma: a rosa é uma rosa, é uma rosa... Não haveria mais o que ser dito, pois ela exaure o tema na plenitude e simplicidade de si: distinguir-se flor.


Então, para que pudesse ser assim, simplesmente a flor, nada mais apropriado que o cenário bucólico e contemplativo do Lindo Vale, onde pudesse ser cultivada. Eis que tantos se inebriaram com seu olor, sem ao menos verem, apenas crendo; entretanto nela confiavam e isso bastava. Por que então querer explicar o que por si só é grande e sagrado? Explicar que flor e prece se confundem?
Hoje o Lindo Vale está desabitado do desejo dela, na expectativa de uma decisão que extrapola as demandas espirituais, e venha concretizar seus planos de se ter ali um santuário. A quem compete a decisão de lhe atender o desejo expresso e sua perpetuação no tempo? Será que compete àqueles que não sabem reconhecer o sagrado ou a flor? Pois que a rosa, não se cria; ela existe, e não se pode mudar isso. A rosa é...
É incrível que uma tese da magnitude de Lola seja sombreada por situações jurídicas, mundanas, temporais; questões de cunho meramente materialistas que se restringem ao humano, quando nos bastaria saber que a rosa é a rosa, é a rosa... Pois é a grandeza de si mesma, a rosa, a existência dela em sua total dimensão, o que enaltece a cidade de Rio Pomba. Ela enche de orgulho os seus habitantes, abençoados com a honra de tê-la como distinguida espécie entre as demais. Será que nós, tão insignificantes diante dela, nos damos conta de quanto a tese de sua existência é maior? O que se espera para se restituir o jardim à flor?