O futuro me alcançou; veio pé ante pé, com passo miúdo e discreto e não dá mostra de que vai parar. Ou
melhor, só estamos no começo. Pois é:
a viagem é mais rápida quando se tem boa companhia, a pé, ou de avião. E, nesta crônica, eu quero entrar com o pé direito.
Já tratei deste assunto, mas volto a ele,
pelo dinamismo das mudanças e suas constantes interferências no quotidiano;
também pelo exercício mental de não ser tão saudosista, como todo poeta de
memórias. É meu mal... Um pé no passado. Vou neste mergulho nas
tecnologias enquanto a água está dando pé.
Aventuro-me a conhecer e a experimentar as novidades, tomando pé da situação, para me ajustar ao novo
e não sentir tanta falta do que já se foi. Um pé na realidade, outro pé
na ficção. Para começar eu já me acostumei com o Tablet, onde faço buscas
"falando" com ele. É verdade! Tenho cá um presente de meu filho que
me fez rir dessa parafernália toda de aplicativos. Não compreendo absolutamente
nada como a coisa funciona neste universo de softwares, mas sei usar tais
invenções, a meu benefício e para me manter atualizada. Como se diz: já uso com
os pés nas costas... Para não perder o hábito de brincar com as
palavras eu diria: vou me adaptando, para não perder o pé da caminhada. Pois é! Cheguei à idade de conversar com a
máquina... Bom, antes isto que falar sozinha, não é?
A velocidade com que as invenções surgem e
ocupam o mercado é surpreendente. Assustam mas encantam e não há como fugir
delas que vão se imiscuindo cada vez mais na nossa vida. Parece que estamos
dentro de um filme de ficção científica, ou melhor, o filme de ficção, que é
uma antecipação do que virá, já é realidade. Na verdade, quando o homem imagina
é porque aquilo é concebível e materializável. Tudo o que o homem imagina pode
ser realizado. É só uma questão de tempo, ou teimar e bater o pé no intento de conseguir. Está aí
Leonardo da Vinci para confirmar o que eu digo.
Eu já estou fascinada pelos Drones que são
vistos sobrevoando as pistas e os estádios de Sochi, na Rússia, filmando de
todos os ângulos os jogos olímpicos de Inverno de 2014. Pensar nisto há poucos
anos seria delírio e fruto de uma imaginação bastante criativa. Seria estar com
um pé na loucura, diriam os antigos.
Fato é que os objetos voadores não tripulados, de dimensões cada vez menores e
de ampla mobilidade podem alcançar o que a vista não alcança e já fazem parte
da realidade. Os drones são utilizados inclusive em concursos públicos, quando
ficam sobrevoando a multidão. Lá está o olho que tudo vê, "dedurando"
aqueles que se acham espertos, com um pé
na desonestidade e a mão na cola. Atualmente, falar em multidão será falar em
drones. Para o aluno preguiçoso, eis um enorme calo, ou melhor, o Calcanhar de
Aquiles.
Por falar em filmes... Quem é que nunca
viu "O Mágico de Oz"?Lembram-se da Dorothy e dos seus sapatos que
tinham poderes mágicos? Bastou-lhe bater com os pés e pedir com fervor que queria voltar para casa e os sapatos
fizeram o resto. Em memória da Dorothy - e das histórias e filmes do passado, cá
estou eu a falar de pés e sapatos,
de Gato de Botas e suas passadas de sete léguas; de Cinderela e seu sapatinho
de cristal, do Homem de gelo e o Pé
Grande... Sei! Tudo é imaginação, mas é pé
calçado na fantasia, é passo apressado, é andar para frente... A coisa mais
antiga no mundo... Recorro a isto e à minha percepção dos fatos para dizer que
o presente correu tanto que o futuro se antecipou; veio no sapateado de Dorothy
e de Fred Astaire, saiu das telas e da ficção e cá está andando pelas cidades.
Uma das coisas mais interessantes do filme
"De Volta Para o Futuro", estrelado por Michael J. Fox em 1985, são
os sapatos “autoamarráveis” do protagonista Marty McFly. Pois bem... O futuro
chegou até aqui, a passos largos, correndo, com seus sapatos poderosos. Sapatos
“autoamarráveis” que já são uma realidade e serão atração para jovens que
desejam aproveitar o estilo e a praticidade. O uso deles será também a solução
para aqueles que têm pouca mobilidade e autonomia e não podem amarrá-los
sozinhos. Tanto assim que o protótipo da primeira tentativa do produto foi
financiado pela ONG que estuda o Mal de Parkinson, doença que aflige o ator
Michael J.Fox. Tudo leva a crer que a Nike resolveu esperar até 2015, por ser o
ano até o qual o personagem viaja. O que interessa é que todo mundo poderá ter
um sapato igual ao do Marty McFly. Eis que o futuro virou realidade: a Nike
lançará os sapatos que fascinaram o personagem e ajudarão os que necessitam de
uma mãozinha.
A propósito desta invencionice toda,
provavelmente, a nova crônica da série "futuro" que eu escreverei,
será para dizer que já temos um discreto aparato colocado sob a roupa, para nos
locomover. Com ele poderemos dispensar os malfadados meios de transporte, hoje
tão deploráveis e caros, responsáveis por alavancar os primeiros protestos no
país. É... Eu imagino que, com a tal invenção, poderemos sair batendo asas e
nos deslocarmos livremente, sem precisar pagar passagens. Poderemos ir até onde
Judas perdeu as botas, em pé de
igualdade... E, quando cair um pé
d’água... Bom, não se preocupe! Eles inventarão a solução.
Não está longe não! E eu fico aqui, firme,
de pé, dando asas à imaginação.
Valéria Áureo
23/02/2014