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sábado, 17 de janeiro de 2015

Do tempo do onça ao arco-da-velha e ditos... E feito!



                                                                        Fonte: Internet


Pois é, meu amigo, o mundo tem muito mais que o tempo do onça... E daí ao arco-da-velha é um pulo... Mas nem todos conhecem o pulo do gato, que escaldado tem medo de água fria. É preciso competência; apesar de gente capaz de dar nó em pingo d’água sem molhar as mãos, para discutir a questão da água no planeta. Água lava tudo, só não lava língua de gente faladeira, diria minha mãe. O assunto é sério e, no que diz respeito a todos nós, ninguém poderá dizer “dessa água não beberei”.
O Arco-íris é a ponte entre o real e o imaginário; um enorme portão que se abre para o infinito bem diante dos nossos olhos. Deixando o romanesco, tudo leva a crer que a Natureza resolveu vingar-se. Eis, pois, que se anuncia longo tempo de vacas magras, sem pasto ou água para beber. Vacas das poucas que ainda não foram pro brejo... (o que supõe água). Apesar das ameaças o fantasioso caleidoscópio nos fascina; pode ser que também ele tenha os seus dias contados. Tudo é possível. Está claro porque passamos a ouvir falar nos “excluídos climáticos”. Antigamente o que esperávamos depois das chuvas, das águas de março, não eram calamidades, mas um brilhante arco-íris. Ele representava, por um lado, a magia de um momento tão efêmero como a sua própria visibilidade; por outro lado representava o inacessível, pois, tal como o povo diz, a construção do arco-íris é um projeto maravilhoso, deveras desejado, mas inatingível. Conhecido no saber popular por arco-da-velha; é o que se diz da coisa inacreditável... A chuva é a "velha mijona" das pernas compridas. Não admira que o arco-íris, quando surgem as sete cores da refração do Sol na atmosfera da Terra, tenha provocado íntima relação explicativa com o mito maléfico da "velha". Diz-se que ela acabaria com toda a água do mundo. Tudo porque o arco bebe água dos rios e das fontes e pode secá-los para fazer chuva. A "velha" penteia-se calmamente e come pão mole no local onde o arco pousa. Então já sabe, meu amigo, a culpa da água acabar é da “velha.” Ela é o tal bode expiatório. Do outro lado do arco há quem diga existir um pote com moedas de ouro. Doce ilusão, quando o mundo real está tão desolador e a Natureza embate-se no grande duelo com a humanidade. Passaremos a desejar muito mais que ouro; um pote de água no final do arco-íris, certamente.
Ameaçados pela probabilidade de faltar água potável no planeta, melhor mesmo é estar de olho vivo, com um olho no padre e outro na missa, prestando atenção a tudo, sem perder nenhum detalhe do que está sendo dito pelos cientistas. Olhar para os céus para vislumbrar a verdadeira cor, parece coisa do outro mundo e que será tão impossível quanto enxergar o pote de moedas. Cuidado com a maneira como me tratam, está dizendo a mãe Natureza, pois “água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” Do contrário vai-se ver o que é bom pra tosse, tendo que revidar ou dar um corretivo, tomar uma medida em represália a uma afronta sofrida. E não vai adiantar correr para onde o diabo perdeu as botas ou fugir para os cafundós-do-judas, onde-o-vento-faz-a-curva. Vai-se, com certeza, pegar o bonde andando pra lugar nenhum, quando não se der importância ao que tem sido advertido pelos ambientalistas. Lamentar-se não vai adiantar, porque águas passadas não movem moinho.
Quando a maré não está pra peixe, melhor esperar a tempestade passar. Agora não é o momento oportuno para descrença. O perigo é real. É, meu amigo, a lagoa vai secar! Nem vai adiantar ficar com olhar de cabra ou de peixe morto, com olhar inexpressivo, a ver navios, onde não há água. O mundo está protestando contra a irresponsabilidade humana. Mas, olho por olho, dente por dente é o que a Natureza nos diz categoricamente: - Danem-se, já que não me respeitam! Nem adianta mudar da água para o vinho, porque a questão é essa mesma. Estaremos literalmente fritos, marcados a ferro e fogo... E, numa justa questão de calor, nossa batata está assando. E, garanto, é no fogo mesmo; nada de banho-maria. Nessa hora muitos gostariam de se afogar em copo d’água. Mas, Quando Deus quer, água fria é remédio.
Na hora que a água acabar (bem na horinha da onça beber água) e que o sol tostar todo mundo, esturricando tudo que há, nem adianta mais tentar salvar a Terra de meu Deus!E, o que menos se vai querer é um lugar ao sol.
Como “dar água a quem tem sede?” Nem reza brava ou promessa vai dar jeito, se o sujeito insiste em ignorar o Protocolo de kioto... Em vão tentar evitar o olho-de-seca-pimenteira, (por falta d’água, será?)  desses “desnaturados” porque o dano já se deu e a fonte secou. Culpa de gente que tem o poder e joga água fria nos projetos de preservação ambiental. As pessoas adoecem, os animais morrem, as plantas murcham e nem estão aí para o azar... Não sei se pior a omissão que o tal de olho-grande... Quem tem olho-grande tem mau-olhado que só se resolve com banho de sal grosso. Mas, cadê a água pro banho? Melhor a pessoa estar de orelha em pé, atenta, vigilante, desconfiada. Do contrário será torcer-a-orelha-e-não-sair-sangue, porque ficará arrependida do que fez; ou do que deixou de fazer. Nada servirão lágrimas de crocodilo... Nem adianta chorar ou arrancar as calças pela cabeça, porque isso não é causa de pequena monta, de dor “por dar lá aquela palha”.
Cuidar da Terra agora e daqui para adiante é “obra - de Santa-Ingrácia”, obra de Igreja, onde há muita água benta, ainda... Coisa para se fazer rezando. Pode ir se preparando; é um trabalho que nunca acabará... Nunca chegará ao fim. Em relação ao mundo o esforço do homem deverá ser carregar água em dedais, para tentar encher os potes.
É preciso agir, sair correndo em socorro da Terra! A solução é ir de olhos fechados e entrar de cabeça na causa. Mas é preciso tomar distância de quem tem olhos de cabra morta, das pessoas indecisas, porque o momento é para agir, não mais para mera especulação. É preciso ter sangue no olho, qualidade de quem é valente, esperto, de quem não tem medo de nada e correr atrás do prejuízo. Antes tarde do que nunca. Eu sei: presunção e água benta, cada qual toma a que quer.
Com o olho no caminho fica quem está esperando alguém com certa ansiedade. Às vezes fico assim em relação ao que vai acontecer com o mundo; fico esperando um milagre. Ter os olhos maiores do que a barriga é a qualificação do guloso, cuja vontade de comer é maior do que o tamanho da fome. É coisa daquele que veio ao mundo só para consumir, poluir, destruir e nada fazer... Como se dono fosse ou quem tem rei na barriga. Muitos se desesperam e ficam na maior água... Não adianta beber, meu caro! Tenha fé que num abrir e fechar de olhos, se fará alguma coisa pela sobrevivência da humanidade, se o homem se der conta de que deve agir sem muito titubear, sem botar areia nos olhos, que é ato de quem usa de subterfúgio para esconder a verdade. É o caso dos que apregoam que se trata de sensacionalismo o aquecimento global... Esses discutem o problema rindo e segurando na mão um copo com água que passarinho não bebe. - Degelo da calota polar? Que é isso? Queremos gelo para o uísque, e pronto... Custar os olhos da cara, diz-se de tudo que está muito caro, caro demais. Caro é não poder pagar a conta da destruição global! Contraditório, não? Coisa de político desavisado que não sabe a que veio... Fica boiando, boiando, boiando...  Não consegue ver que onde há fumaça há fogo... Sem água para apagar. É pra lá que estamos indo: pra lugar nenhum, ou melhor, para o fundo do poço. Fundo do poço seco! Estamos dando com os burros n’água... Que água? Ou indo pras cucuias?!
 Olhos pidões são olhos de quem suplica, de quem pede sem falar. Olhos marejados d’água. É o que anda fazendo a Terra... Implorando para todos, antes que seja tarde, inclusive para os que têm olhos de pitomba, os olhos pulados, salientes, mas que, nos parece, estão cegos. Ter ou estar de olho vivo significa perspicácia de seu dono. Isto é coisa do pessoal do Greenpeace!... Que tem sangue nas veias, e não água, como muitos. Porque cego é aquele que não quer ver, ou é rei de um olho só.
Pinicar o olho é piscar, dar um sinal, namorar à antiga. Coisa de gente que tem amor no coração. São os apaixonados pela flora e flora, os que amam e preservam; os que fazem isso plantando e cuidando do meio ambiente. Outros nem querem saber...  Mas, quem planta vento, colhe tempestade. Os ambientalistas são nossa única esperança. São poucos, é verdade, mas, melhor pingar que secar.
 Quando se faz alguma coisa em pouco espaço de tempo, o que se fez foi feito enquanto o Diabo esfregou um olho. Foi o que eu fiz. Escrevi correndo, para alertar que estamos correndo risco... Mas arriscar um olho é aventurar-se pra ver se algo dá certo. Bem que eu tento, faço a minha parte, como muitos, sempre clamando pelas águas de meu Rio Pomba.
Alerta, governantes! Alerta, povo! Quem avisa amigo é... Abrir os olhos, além de ser uma advertência é também nascer para a vida, para o mundo. Fechar os olhos é morrer para o mundo e nascer para a Eternidade. Mas aí já será uma outra história com Deus (quiçá com o Diabo, e desconhecida trajetória), para quem vamos prestar contas e a quem deveremos dar satisfações dos nossos atos. A questão da água não pode ser do “arco- da- velha”, ou seja, questão inacreditável e inacessível. É pra já! Pra ontem...
Essa história me deu foi sede!
(A repetição do vocábulo “água” pela autora foi intencional. Trata-se de um recurso visual para chamar sua atenção).

Valéria Áureo para “O Imparcial”
 Rio Pomba    16/04/2007

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Instantes Poéticos



                                         
                                                         Fonte: Internet


           Tudo iluminado. Encontram-se no firmamento a esperança e o tempo de luzes. E, no exato instante de pés e areia se tocarem, já não mais há movimentos... Champagne, abraços, ondas, beijos, promessas e juras eternas. O ano e o instante em que acaba a contagem de 2014 acontecem juntos e se misturam. Impossível, nada para, porque já se deu o ano 2015 no imediato segundo da súbita revelação. Foi-se o passo, o instante, o fôlego, o sopro de um e já o começo do outro. É hora em que habito o presente e ele se desfaz passado, como o líquido sorvido com sofreguidão da mágica anunciação. Réveillon! Fogos!... Descalça no chão úmido e prateado em que o caminho se abeira comigo, vem a menina que me habita e está sempre absorvida com o tempo. Imponderável tempo. Esta incógnita e esta imensurável transitoriedade.  
Não me canso de olhar as possibilidades que o campo verde tem; ou mesmo o céu, o mar, a estrada, o rio e o deserto. Inventor de flores, eu escolho as cores que devem estar amanhã na paisagem; seja daqui, seja de onde você possa estar. Por ora devo preferir tons azuis... Ou não! Eles me falam de dores e saudades e o tempo é de festa... Você pode escolher a que preferir, enquanto eu não me decido. Quero que faça sol e é por isso que habito com calor os arrebóis que me projetam para alcançar aquela estrada que, por si só, me diz que não sei pra onde vou. Você sabe aonde vai? Com certeza também não. Coisas do futuro – mantenedor de segredos... Melhor esperar que o tempo me alcance na hora exata em que os pássaros deverão cantar. Se não sei aonde vou, seja lá o que for, há que caminhar para qualquer direção. Parar, nunca. E que você também não pare de seguir o seu caminho e prospere. A vida está lá, adiante, esperando que cada um se atreva e viva com energia. O rumo em que persigo a mim mesma está à frente. Você também se busca, não é? Devo alcançar-me em algum ponto. Você também. O ponto em que o homem, coitado, só tem a si mesmo. Tem a si e a fé em Deus.
         O que a noite escura esconde? O ano novo e suas possibilidades - todas- boas e não tão boas. Todas, sob chaves secretas, a serem vividas e vencidas. O que importa é que haverá amanhecer na sua e na minha vida; pássaros e relógio marcando os segundos imponderáveis. Dia novo, como é todo dia; ano novo a cada calendário que se fecha, ou a cada calendário que se abre. Caminhei sob as estrelas do Réveillon pedindo que se minimizassem as dores das guerras, porque nada temos de gladiadores. Ao menos não deveríamos ter. Caminhei proclamando as virtudes e as bondades que nos tornariam bem mais felizes...
       Andei procurando poesias para o final e para o começo de ano. Encontrei a suavidade das palavras ditas aqui e ali, na imaterialidade das mensagens virtuais, cuja beleza perdura nos lábios por discretos segundos e logo se dispersam na brevidade dos instantes. Busquei neste alvorecer de ano a declaração permanente da paz, interrompendo a violência, a morte, o desamor, o desânimo, a desesperança, a guerra... Persegui a beleza real, a generosidade possível, a consistência de palavras pacificadoras que aplacam a angústia do coração e o grande temor do futuro. Recebi algumas ternuras dos versos mais tímidos e sinceros, que eu mesma procuro distribuir a quem me lê; aquela ternura que temos conosco, que se propaga mansamente com um simples sorriso, uma discreta saudação, um elogio, um aceno de mão, um incentivo e um olhar de esperança. Bem-vindo futuro!
Numa viagem no tempo presente e passado que se misturaram por breves segundos nos céus de estrelas do Réveillon, encontrei um caminho para aguardar o tempo com sabedoria, entregando flores.
Que venham os homens dispostos à Paz e que distribuam flores.
Bem- aventurados os pacificadores... 
                                                          

Valéria Áureo    
02/01/2015