Apresentação

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sábado, 7 de outubro de 2017

Viagem a Parvopolis




 

          Cheguei a Parvopolis depois de treze horas de voo. Tomei café no avião. Cheguei ao hotel e fui dormir, pois ainda era de madrugada. Acordei às duas horas da tarde. Tomei meu banho e fui dar uma volta pelas redondezas. Cidade calorenta! Entrei em um restaurante de comida típica local; muito tempero, pimenta e excesso de gordura. Deixei um pouco de comida no prato e fui conhecer o tão famoso Museu.

          Entrei. O Museu era enorme. Havia artistas fazendo performances. No primeiro plano uma jovem se apresentava com uma lata de molho de tomate e um abridor. Ela tentava abrir a lata e demonstrava total inabilidade para fazer isso - abrir uma lata. Os minutos passavam e ela se atrapalhava sem conseguir; finalmente abriu a lata e todos os parvopolenses aplaudiram efusivamente. Eu ainda pensei: se ao menos ela tivesse simulado um suicídio e jogasse o molho vermelho sobre o próprio corpo, teria um enredo. Mas, enfim, fui para o outro lado da sala. Um modelo nu esfregava a imagem de Nossa Senhora na genitália. Todos em torno reagiam: os parvopolenses aplaudiram e os estrangeiros ficaram atônitos. Ele continuou a apresentação; pegou um ralador tão grande que pudesse encobrir a genitália desnuda e se pôs a ralar a imagem da Virgem Maria. Parvopolenses em suas parvoíces aplaudiram, assoviaram, gritaram eufóricos. Os estrangeiros se mantinham calados. Em outro ponto do museu um homem representava Cristo e palitava os dentes com um espinho arrancado da coroa. Outro performático distribuía hóstias escritas com os nomes dos órgãos sexuais e outras bizarrices. Os parvopolenses aplaudiam. Um macaco foi colocado no colo da Virgem Maria, substituindo o Menino Jesus; o Cristo foi mimetizado com uma divindade hindu com muitos braços. Em cada mão um apetrecho. Outra artista em cócoras retirava o crucifixo das entranhas. Os parvopolenses comemoravam. Um grupo fazia pinturas escatológicas em um grande mural; usavam chocolate como fezes e lambiam os dedos com gestos tribais. Os parvopolenses aplaudiram estrondosamente. Eu nauseada vomitei no piso branco de mármore. A comida e a arte de Parvopolis me fez muito mal. Eu vomitei no chão e os parvopolenses me aplaudiram de pé e gritaram viva, viva, viva! Eles tiraram muitas selfies comigo e disseram que eu era uma artista fantástica.

País muito estranho Parvopolis! E mais estranhos ainda são os parvopolenses!

 

Autora: Valéria Áureo